Notas Tecnológicas

Neste site pretendo reflectir sobre as Novas Tecnologias da Comunicação, os Novos Meios Digitais Interactivos e é claro, sobre a Comunicação Social e os Media em geral.

outubro 20, 2006

Entrevista com Manuel Pinto

Manuel Pinto recebeu-me na Universidade do Minho, no campus de Gualtar, num edifício novíssimo e com óptimo aspecto, branco, linhas verticais, enfim, uma arquitectura moderna e simples. Grisalho e de estatura média, este professor de 52 anos foi o anterior provedor de leitor do JN (Jornal de Notícias), cargo que desempenhou juntamente com o seu de professor universitário. Na sua base académica Manuel Pinto está ligado à história, mas numa segunda fase da sua vida optou por fazer o doutoramento em ciências da comunicação pela Universidade do Minho o que lhe valeu o actual cargo de professor do Departamento de Ciências da Comunicação da mesma Universidade.

Joana Poças (JP): Será que podemos dizer que é cada vez mais importante educar os jovens para os media? Como explicaria esta afirmação?

Manuel Pinto (MP): Eu não falaria em educação para os media, mas antes em literacia digital, uma vez que literacia digital é, a meu ver, um conceito mais amplo que o de educação para os media.

Cada vez mais assistimos a uma migração cultural para o digital. Assim, a par da compreensão das linguagens básicas da cidadania como a leitura e a escrita tradicionais, supõe-se que se compreenda a linguagem digital. Um dos terrenos da linguagem digital integra a leitura do hiperlink que se tem afirmado neste ecossistema multifuncional que é a Internet. Esta leitura do hiperlink é um novo modelo de linguagem importante e, infelizmente, ainda não se aprende a trabalhar com este tipo de linguagem.

JP: Existe alguma razão específica para que Portugal ainda não tenha implementado oficialmente uma disciplina de educação para os media no ensino público oficial?

MP: Primeiro que tudo, essa ideia de criar uma disciplina de educação para os media não é de todo assim tão pacífica. Existiu e existe um debate acesso sobre se se deve criar uma disciplina, ou se se deve apostar numa dimensão transversal que englobe todo o currículo, sem ser forçoso que se crie uma disciplina isolada.

Veja, existe uma enorme pressão para se criarem outras disciplinas igualmente importantes, como a educação ambiental, a educação sexual, entre tantas outras. Quem decide sobre estas matérias não pode ter como única resposta a multiplicação de disciplinas, porque isso seria insustentável.

O que podemos fazer é, no seio de disciplinas já existentes, partir do mundo e das experiências dos jovens para ensinar, neste caso, literacia digital ou educação para os media. Porém, também isso, se torna por vezes difícil de fazer. Dou-lhe o exemplo de uma história que tomei conhecimento de uns alunos que estavam à porta da sala de aula, à espera de terem uma aula de educação musical, e conversavam sobre o último CD da Madonna. Mal entraram na sala de aula a professora disse que essa conversa tinha de acabar, porque ali era para se aprender música. Isto é um erro! Os professores devem estar abertos para pegando nas histórias dos alunos poderem dar a sua matéria.

JP: Mas não pensa que ter a educação para os media como disciplina obrigatória traria benefícios aos alunos?

MP: Sem dúvida. A vantagem da criação de uma disciplina independente seria a obrigatoriedade de ensinar essa matéria. Mas, como referi, não é nada fácil porque isso implicaria a formação de professores, implicaria mais horas de aulas e implicaria também fundos monetários para a aquisição de material, sem falar de outras tantas dificuldades.

JP: Num artigo seu publicado na revista Iberoamericana de educaçãomedia em países como Portugal». Quais são as causas deste fenómeno e o que queria dizer com «países como Portugal»? afirma ser «difícil conquistar espaços para a educação para os

MP: Não me recordo em que contexto terei dito isso, mas um dos países que está como Portugal é a Espanha, porque em ambos existe uma tradição que exclui a aprendizagem para a cidadania. No caso de Portugal, existiu um regime autoritário durante 48 anos, o que inibiu a iniciativa cidadã e calou ou amordaçou os próprios media, que estavam limitados na sua acção. Existiu, desta forma, durante muito tempo, uma falta de consciência dos direitos dos cidadãos face aos meios de comunicação social, o que acabou por criar uma tradição de apatia e de não iniciativa.

Para além disso sinto que as pessoas em Portugal não têm consciência do eco que têm nos media. Na minha experiência como provedor de leitor no JN posso dizer-lhe que são poucos aqueles que utilizam este meio para criticar o órgão em si, ou para se fazer ouvir. Normalmente são sempre as mesmas pessoas que o fazem, acabamos por conhecê-los.

JP: Sei que foi membro do Conselho Científico do Instituto da Inovação Educacional do Ministério da Educação.

MP: Sim, fui, mas esse órgão já não existe.

JP: Mas existe um site, criado pelo Ministério da Educação (http://www.dgidc.min_edu.pt/inovbasic/proj/media/2000/index.html) onde são disponibilizados exercícios e aulas na área da educação para os media a serem consultadas por professores e alunos. Esteve envolvido neste projecto? O projecto ainda está activo?

MP: Sim, de facto, esse site existe, mas já não é actualizado, porque estava relacionado com o então Conselho Científico do Instituto da Inovação Educacional do Ministério da Educação, que entretanto deixou de existir com a mudança de governo.

O que continua a avançar é o Projecto Público na Escola, que tem tido imenso êxito junto de alunos e professores. Existem algumas acções e projectos, mas também existe a necessidade de se criar algo de oficial.

JP: Gostava de saber se esse projecto teve muito impacto, se, de facto, muitos professores aderiram e utilizavam os exercícios disponibilizados no seio das suas aulas.

MP: Não tenho dados, por isso não lhe sei dizer nada sobre isso.

JP: Em 1993 foi apurado que existiriam no país, cerca de 400 clubes escolares ligados à comunicação, ao jornalismo e aos media. Como se sabe que perto de 50% das escolas do país publicam algum tipo de jornal. Será que a produção de jornais por parte dos alunos será suficiente para uma formação sólida na área dos media? Produzir um jornal e perceber o alcance das mensagens veiculadas pelos grandes órgãos é ou não diferente?

MP: Fazer um jornal só como «activismo pedagógico» não serve para educar para os media, mas eu costumo dizer que a educação para os media tem 3 graus. O grau zero, em que se recorre ao uso dos media como recurso pedagógico. O grau um, em que os media são tema de estudo. Por último, o grau três que, de facto, se utilizam os media como meio de produção.

Quando um grupo de alunos produz um jornal, se o projecto estiver bem organizado, acabam por ter de pensar qual o público que querem atingir, quais as formas de atrair esse público, qual o impacto dessa mensagem junto desse mesmo público. Como se escreve para Imprensa, entre tantas outras questões que podem e devem e normalmente são levantadas por estes grupos de estudantes que se dedicam à construção de um jornal. Como vê, os estudantes fazerem parte de um jornal escolar acabam por trabalhar essa consciência crítica face aos media, que se pretende com a educação para os media.

O problema que vejo neste jornais escolares é a falta de sentido de actualidade, uma vez que a pressão dos acontecimentos não é uma constante na vida escolar.

JP: Parece que actualmente basta uma escola ter bons computadores e acesso à Internet para se pensar que a lacuna da educação para os media ficou colmatada. O que pensa a este respeito?

MP: É a isso que dou o nome de «Deriva Tecnológica». Para muitos professores e para o Ministério da Educação a educação para os media ficou reduzida ao uso do computador. O que acontece actualmente é que se confunde a educação para os media com o uso das tecnologias na educação. Isto é matar a educação para os media! (afirma sério) O uso da Internet e das novas tecnologias reduz-se a uma navegação para parte nenhuma, navegar sem rumo e sem destino. Não está certo.

Como é que eu navego na Internet? Consigo responder às perguntas às quais pretendo obter resposta? Para que serve saber utilizar a Internet? Para ir para onde? Estas são algumas das perguntas que os estudantes deveriam ver respondidas na escola quando lhes é disponibilizado um computador com acesso à Internet.

Existem 3 perguntas chave de qualquer processo educativo que são: Quem és? De onde vens? Para onde vais? E são também as respostas as estas perguntas que podem levar os estudantes a compreender melhor a Internet.

Infelizmente estas novas tecnologias são tomadas como fins, mas temos de ter consciências de que são apenas um meio, para depois, sim, podermos atingir um fim. Penso que é importante esclarecer este ponto.

Numa verdadeira educação para os media, ou numa verdadeira literacia digital, devem-se responder a perguntas como: quais são os sites válidos? Como é que avalio a informação de um site? Quais são os critérios de selecção? Qual é a informação credível? Muitos professores dizem simplesmente: - «Vão ao Google.» o que leva os alunos a pensar que tudo o que vêem no Google é credível, o que é uma mentira e uma asneira por parte do professor.

JP: Passando agora a uma pergunta mais técnica. Em que ano escolar lhe parece adequado que se implemente, pela primeira vez, uma disciplina de educação para os media, e porquê?

MP: O mais cedo possível, no pré-escolar.

JP: Mas se tivesse que a aprovar um currículo obrigatório de aulas e exercícios para jovens, e não para crianças, que tivesse como objectivo criar bases para todos os jovens em Portugal?

MP: Nesse caso escolheria o 9.º ano, uma vez que é o último ano obrigatório no nosso sistema de ensino. Se o objectivo seria atingir todos de forma comum, o 9.º ano parece-me o mais adequado. Como sabe a partir do 10.º ano os alunos dividem-se por áreas o que tornaria mais difícil a inclusão dessa disciplina, para além do que a escola do 10.º ao 12.º já não é obrigatória, o que implicava que muitos dos nossos jovens seriam deixados de fora.

JP: Para terminar, gostaria de lhe perguntar se sabe o que aconteceu à Associação Educação e Media, uma vez que esta tinha projectos muitos interessantes que queria desenvolver nesta área?

MP: Sei sim, até porque faço parte dessa associação. Neste momento esse projecto está parado. O clima cultural e político piorou e existe pouco terreno para avançar.

JP: Por último, como vê o futuro da educação para os media em Portugal?

MP: Existe neste momento uma onda muito voltada para as tecnologias e para os conteúdos cognitivos da língua materna o que deixa pouco espaço para outras áreas. Posso mesmo dizer que existe um desprezo por outras áreas. Mas ao mesmo tempo cresce a consciência da importância desta dimensão dos media. Não vou negar que existem projectos, mas estes não têm grande dimensão.

outubro 13, 2006

Educação para os Media

Cada vez os media e os meios de comunicação social ocupam mais tempo da nossa vida. Não falo só dos jornais, revistas, rádio e televisão, falo também da publicidade em outdoors, da publicidade nos transportes públicos, nas escolas, nas universidades, nas casas de banho, falo da Internet, das mensagens publicitárias que nos são enviadas por telemóvel, falo do mundo em que vivemos. Como nos explica Manuel Pinto «os media (…) configuram hoje uma espécie de incontornável ‘ecossistema informativo’»[1](Pinto 2000:1) e por isso mesmo é impossível ignorá-los.

Cada vez mais somos assaltados 24/7 por mensagens provenientes de inúmeros emissores, cada qual com seu objectivo muito específico. Vivemos num mar de informação veiculado pelos diferentes media, que se tem tornado, e tem tendência para se tornar, cada vez mais complexo. Assim como aprendemos a falar, a ler e a escrever para nos inserirmos na sociedade, e para falar, ler e escrever precisamos de aprender as figuras de estilo e duplos sentidos inerentes à própria linguagem, também se torna necessário aprender a linguagem mediática e as suas próprias «figuras de estilo» e duplos sentidos.

Se estiverem interessados neste temática não deixem de visitar o site: http://educacaomedia.planetaclix.pt

[1] Pinto, Manuel; Abril de 2000; «Educação para os Media» ou os novos caminhos da cidadania; JJ-Jornalismo e Jornalistas, n.º 2, , Clube dos Jornalistas;

maio 08, 2006

O Processo de Bolonha - Complicado

O Processo de Bolonha tem sido fonte de várias manifestações de desagrado por parte de estudante que contestam os objectivos e aplicações do próprio processo.

Contudo, as Universidades e Politécnicos de todo o País parecem não dar ouvidos aos protestos estudantis, tanto assim é que «40 por cento de todos os cursos foram submetidos a homologação» como vem referenciado no Portugal Diário (http://www.portugaldiario.iol.pt/noticia.php?id=677862&div_id=291).

Num documento oficial lançado pelo Ministério da Ciência, Inovação e Ensino Superior, «O Processo de Bolonha tem como objectivo a criação de um Espaço Europeu do Ensino Superior coeso, competitivo e atractivo para docentes e alunos (…) promovendo a mobilidade de docentes e estudantes e a empregabilidade de diplomados.»

Ao lermos este primeiro parágrafo do documento referenciado, parece-nos que o Processo de Bolonha será positivo para o País. Sabemos através de notícias que a medida mais contestada se prende com o facto de a maioria das licenciaturas passarem de 4 ou 5 para apenas 3 anos. Sendo desta forma possível ser Mestre com apenas 22 anos (se nunca se perder nenhum ano escolar). Sem dúvida que esta medida tem aspectos positivos mas também não esconde os negativos.

Os estudantes protestam, dizendo que ninguém pode estar devidamente preparado para o mundo de trabalho com uma licenciatura de apenas 3 anos, contestando «que o Processo de Bolonha venha diminuir a qualidade das licenciaturas».

Por outro lado, a mesma medida enquadra-se numa época de ciclos curtos e de formação contínua ao longo da vida, a qual atravessamos. O objectivo do Governo é modernizar Portugal e torná-lo mais competitivo, e isso passa por adaptar Portugal à Actualidade. Neste sentido é claro que este Processo se alinha com os valores da sociedade em que vivemos.

Em relação ao seu impacto no mercado de trabalho, trata-se de um tema complexo. Se por um lado, em Portugal o mercado não consegue absorver mais profissionais licenciados, o que é que se pode esperar quando se passar de uma licenciatura de 5 para uma de 3 anos? O número de Licenciados aumentará, ou pelo menos, tudo o indica. De alguma forma é bom ter mais recursos qualificados, mas se não houver mercado para os empregar, de que servem recursos humanos altamente qualificados? Não será que esta medida, pelo menos a curto-prazo, acabará por gerar mais desemprego?

O Impacto que o Processo de Bolonha tem no sistema educativo já se faz sentir, mesmo antes das suas medidas entrarem efectivamente em vigor. O primeiro impacto está a ser a insatisfação geral por parte da comunidade estudantil. Os impactos futuros, talvez seja cedo prever, mas o aumento do desemprego, já referenciado, talvez venha a ser infelizmente, um dos impactos mais flagrantes.

Joana Poças

abril 27, 2006

Portugal a Inovar


Numa tentativa de responder aos desafios da Estratégia de Lisboa o «Governo de Portugal fez uma aposta na inovação e na qualificação das pessoas, das empresas, das instituições e dos territórios». Esta resposta integra-se no Programa Nacional de Acção para o Crescimento e o Emprego 2005-2008 (PNACE 2005-2008). Plano esse que está, por sua vez, associado ao Plano Tecnológico, de que tanto ouvimos falar ultimamente. Com o grande objectivo de fazer Portugal crescer tornando o país mais competitivo, este Governo tem vindo a implementar uma série de medidas que ainda são pouco compreendidas pelos cidadãos nacionais.

Neste sentido o meu seminário será sobre o Plano Tecnológico que este Governo tem vindo a implementar. Podem ver o site do Plano Tecnológico, que explica bem quais são os eixos e medidas que têm vindo a ser implementas e/ou que virão a ser implementas.

Dos 3 eixos (Conhecimento, Tecnologia e Inovação) em que se divide o Plano Tecnológico, estou a pensar focar a minha apresentação no Conhecimento e nas medidas que este Governo apostou para qualificar os Portugueses para a Sociedade da Informação.

A criação de Bibliotecas Digitais, Criar uma oferta Pública de Internet para uma Nova Cidadania, Facilitar a Utilização de Computadores em Casa por Estudantes, Facturação Electrónica pela Administração Pública, Generalização da Utilização e Oferta da Banda Larga são apenas algumas das medidas que este XVII Governo Constitucional tem previsto.

Mas será que estas medidas vão conseguir ter o efeito pretendido? Será que a Facturação Electrónica ou a Digitalização de Conteúdos Culturais serão formas de qualificar os Portugueses?


Gostaria ainda de saber o que pensam sobre este tema e se têm perguntas em concreto que gostassem de ver respondidas.

abril 23, 2006

A Internet é Democrática?

Pela primeira vez na História da Humanidade a Liberdade de Expressão consubstanciada no Direito de Informar existe realmente. De facto, «todos nós» através da Internet, podemos facilmente criar uma página ou um blogue e informar, opinar, no fundo, dizer o que nos apetecer. Mas será isso a verdadeira democracia?


Enquan
to todos, e quando digo todos falo de todos os Homens, em todos os Continentes, não tiverem um acesso igual à Internet, esse Direito de Informar permanecerá restrito aos Países Desenvolvidos. Mas a Democracia não passa só e exclusivamente pela Liberdade de Expressão. A democracia passa, acima de tudo, pelo direito de poder escolher os representantes do País onde se vive. E não se pode esperar que seja pela Internet que a Democracia possa chegar aos países não democráticos.


Mas ainda não respondi à pergunta em si. Será a Internet é Democrática?
A Internet na sua forma de ser é uma tecnologia que visa ser democrática, uma v
ez que assenta numa rede em que todos os seus utilizadores podem contribuir para o seu desenvolvimento e nenhum pode decidir acabá-la. Se algum nó na rede acaba, o resto da rede continua. Seria preciso acabar com todos os nós da rede para que ela deixasse de existir. Assim, a Internet não é controlável por ninguém em específico e é controlada por todos em particular, e neste sentido não é de esperar que alguém sozinho possa influenciar a rede ou os seus conteúdos num determinado sentido. Se olharmos para a Internet desta forma, que é verdadeira, podemos concluir que a Internet é, de facto, democrática.


Contudo a Internet apesar de poder ser vista como uma tecnologia democrática, nem sempre contribui para a democracia, em especial para uma democracia responsável e saudável. A democracia não significa ausência de regras ou total liberdade. Mas o que transparece na Internet é mesmo essa ausência de Ordem. E sem regras nem controlo, a I
nternet torna-se um bom meio para infringir a lei.


Desde de se passar por cima dos direitos de autor e ilegalmente se conseguirem filmes e músicas, passando por roubos a bancos e contas pessoais na ordem de milhões de Euros, até se conseguir gerir redes de tráfico ou de terrorismo, tudo é possível. E neste Mundo onde Tudo é Possível o crime parece compensar. Para terminar vou dar o exemplo de uma regra ou lei que é constantemente violada. No artigo 3.º da «Convention on the Prevention and Punishment of the Crime of Genocide», de 1948, declara-se um dos actos a ser punido é o acto de directa e publicamente incentivar ao genocídio.


Mas então o que faz a Al-Qaeda? Como é que foi planeado todo o 11 de Setembro? Então e o 11 de Março? Todos as semanas são descobertos novos sites e vídeos divulgados na Internet que incentivam o radicalismo islâmico. Até realmente se encontrarem essas células, essas pessoas, estes Crimes contra a Humanidade permanecerão impunes.

Joana Poças

março 24, 2006

Demasiado Criativo?

Pode ser-se demasiado criativo?

Cada vez mais a criatividade é uma das características mais apreciadas nas empresas. Estando nós numa época em que a informação, os conteúdos, e sobretudo o conhecimento são a mais valia, as empresas dependem quase exclusivamente das capacidades do seu capital humano.

Assim uma boa gestão do conhecimento é preponderante para a sobrevivência de qualquer empresa numa época de elevada competitividade. E esta gestão do conhecimento passa em primeiro lugar pela boa gestão das pessoas.

Muito se fala acerca das potencialidades da tecnologia, mas é preciso ter presente que a tecnologia que não é acompanhada pelas pessoas de nada serve. O Dr. Paulo Amaral diz-nos mesmo que «só vale a pena apostar em tecnologia, se eu a gerir bem e ao mesmo tempo gerir de forma adequada os recursos humanos».

No que se refere à gestão do conhecimento, propriamente dita, é preciso fazer referência ao facto do conhecimento tácito se encontrar exclusivamente nas pessoas, e daí a sua importância.
O conhecimento explícito é mais facilmente transmitido, porque toma uma forma física de manual, ou base de dados. Contudo este conhecimento nunca chega a ser tão rico, nem tão importante quanto o conhecimento tácito (mais conhecido por Know How).

Gerir o Know How das pessoas numa empresa, e conseguir que esse conhecimento não fique sedimentado e seja transmitido a outros colaboradores, para que assim permaneça na empresa, é um dos grandes desafios dos gestores do conhecimento.

O trabalho em equipa, a rotação de tarefas, uma aprendizagem permanente e o contacto directo como colaboradores de outras áreas, são apenas algumas da formas de conseguir que esse Know How seja partilhado e se torne útil para a empresa.

Mas já me afastei demasiado do propósito deste post. Como já referi a capacidade criativa é muito valorizada, exactamente porque a criatividade é uma das melhores formas de gerar novo conhecimento na organização.

Como é que se potencia a criatividade? A existência de uma cultura liberal na organização, a autonomia individual aliada ao trabalho em equipa e às reuniões brain-storming, sem esquecer um tempo de trabalho dedicado exclusivamente à criação de novas ideias, são apenas algumas formas de potenciar um ambiente propício à inspiração.

Na minha opinião tudo deve existir com conta, peso e medida. A minha resposta é sim, pode ser-se demasiado criativo. É, sem dúvida, bom que se seja criativo, mas que isso não impeça o desempenho do seu trabalho e do trabalho em equipe. Ao ser-se demasiado criativo pode-se comprometer a própria criatividade dos outros membros.

Saber trabalhar em equipa e ouvir a opinião dos outros antes de se chegar a uma conclusão definitiva são também requisitos necessários para os colaboradores destas organizações de informação, conteúdos e conhecimento.

Joana Poças

março 09, 2006

Growth and Jobs



Será que a Europa consegue conciliar o modelo social europeu com o avanço da tecnologia e com a competitividade exigida pelos mercados globais?Ainda não podemos responder a esta pergunta, mas temos que tentar ao máximo conseguir que esta parte mais humana da Europa não entre em confronto com as exigências desta Economia Global.

O Professor Roberto Carneiro define o modelo social europeu como um modelo que valoriza em primeiro lugar a comunidade em vez do indivíduo, que dá extrema importância à qualidade de vida e ao desenvolvimento sustentável, que percebe a necessidade de divertimento inerente ao ser humano, que valoriza os direitos humanos individuais e, sem dúvida, a cooperação global.
Se prestarmos atenção a todos estes valores acima citados é fácil entender como é que estes podem entrar em confronto com o Mercado global.

A abertura relativamente recente do mercado Chinês tem levantado imensa polémica. Na China as horas de trabalho muito superiores ás europeias, as condições paupérrimas de trabalho a que os cidadãos chineses estão dispostos a trabalhar são apenas alguns dos factores que fazem com que os seus produtos sejam muito mais baratos que os nossos. Mão-de-obra barata sempre conduziu a produtos mais baratos. Mão-de-obra barata sempre atraiu as grandes multinacionais, desejosas de verem aumentados os seus lucros.

Tudo isto faz sentido. O que não faz sentido é tentarmos competir com a China, ou outros mercados semelhantes, tentando passar por cima de direitos e valores que foram arduamente conquistados pelos cidadãos europeus.
É impensável querer aumentar as horas de trabalho na Europa, ou passar por cima do direito a um fim-de-semana completo. É indiscutível pensar competir com preços de mão-de-obra. Isso seria um atentado aos direitos humanos individuais e uma negação do direito à qualidade de vida.

De facto, o que a Europa deve fazer é competir apresentando uma mão-de-obra especializada e diversificada, competente e flexível, capaz de atrair qualquer empresa europeia e internacional. O que a Europa e Portugal devem fazer é apostar na Agenda de Lisboa.
Em Março de 2000 foram traçados, em Lisboa, vários objectivos a atingir até 2010.

  • Tornar e Europa o Continente mais Competitivo do Mundo;
  • Crescimento Económico Sustentável;
  • Fomentar a Competitividade;
  • Modernizar o Modelo Social Europeu, investindo mas pessoas e combatendo a exclusão social.

Infelizmente os grandes objectivos desta estratégia não foram atingidos e a Agenda sofreu uma revisão em 2002 e outra em 2005, ficando reduzida a apenas dois pontos:

  • Crescimento
  • Empregos

«Growth and Jobs» já é alguma coisa. Mas a Europa não poder parar. A Europa deve continuar a inovar e a crescer tentando seguir todos os pontos da primitiva Agenda de Lisboa.

Era do Feminino no Intercomunicador


O tema da ascensão das mulheres e da Era do Feminino é algo que sempre me interessou, talvez pura e simplesmente por ser mulher. O blogue da minha colega Tânia Fonseca é interessante, exactamente porque faz referência a este mundo que é o das mulheres.

Pegando em produtos e campanhas da Nívea, da Dove ou mesmo do novo, e muito apreciado, anúncio do novo gás da Galp, Tânia consegue deixar bem presente que a mulher tem vindo a tomar terreno no que era considerado o universo dos Homens.

Hoje em dia, como transparece no seu blogue, as empresas vêem na mulher uma potencial consumidora, daí que muitos dos produtos e anúncios que vemos actualmente se destinem a este público, que como nos refere as estatísticas é bem maior que o seu oponente masculino.

Penso que este blogue está bem conseguido e o facto de ter imagens ajuda a pender a atenção. Em relação aos posts, estes são pequenos, o que possibilita uma leitura rápida, o que, na minha opinião, é excelente, uma vez que estamos numa sociedade do imediato em que tempo é dinheiro.

Se estiverem interessados, penso que não perdem nada em visitar o blogue de Tânia Fonseca -
www.intercomunicador.blogspot.com.